quarta-feira, 18 de abril de 2012

Damian Hirst- A substância das obras está em alta



(Colabroação Alexandre Antunes)

"Existia um hype que não era real, mas puramente especulativo. Com a crise, perdeu espaço a arte estúpida e ganhou a arte inteligente. A substância das obras está em alta."







Folha Online17/10/2009 08:18
Há pouco mais de um ano, uma esquizofrênica sequência de eventos virou de cabeça pra baixo o mercado das artes.
Em menos de 24 horas, o banco Lehman Brothers abriu falência, arrastando o sistema financeiro para o buraco, e um leilão de obras do artista-estrela Damien Hirst somou estratosféricos 111 milhões de libras (cerca de R$ 310,5 milhões) em vendas. A euforia deu lugar a reticência.
Passado um ano do início da crise, a sétima edição da Frieze Art Fair, uma das maiores feiras do mundo, abriu na última quarta com um desafio: entender como a recessão mudou a forma de fazer arte e negócios.
"A nova tendência é comprar com os olhos, e não com os ouvidos", avalia Nicholas Logsdail, dono da galeria Lisson, em Londres. "Existia um hype que não era real, mas puramente especulativo. Com a crise, perdeu espaço a arte estúpida e ganhou a arte inteligente. A substância das obras está em alta."
Para Hayden Dunbar, diretor da galeria nova-iorquina Paul Kasmin, apesar da melhora nos negócios neste ano, ainda não é possível falar em recuperação.
"O ritmo ainda está lento. Mas agora estamos lidando com colecionadores de verdade e não com milionários russos que querem fazer mais dinheiro com arte. É um mercado mais real", explica ele, ao lado de um quadro de Andy Warhol, negociado por 385 mil libras (por volta de R$ 1,07 milhão).
Essa nova conjuntura do mercado de arte vai na contramão da herança de Warhol, mapeada na exposição "Pop Life: Art in a Material World", atualmente em cartaz na Tate Modern, em Londres.

A mostra investiga o legado do artista a partir de sua famosa frase: "Um bom negócio é a melhor arte", e reúne nomes como Hirst, Jeff Koons, Keith Haring e Takashi Murakami.
São artistas que seguiram os passos da Factory, a fábrica de obras de arte criada por Warhol, e que souberam usar a mídia para transformar seus nomes em grifes.
Agora, os tempos são outros. De acordo com a Art Market Research, empresa que monitora o setor, os preços de arte contemporânea subiram 313% entre 2006 e 2008, mas, desde então, caíram mais de 60%.
Com o estouro da bolha das artes, as maiores vítimas foram justamente artistas hipervalorizados, como o grafiteiro Banksy e o próprio Hirst. O preço de seus trabalhos despencou, segundo pesquisa da revista "ArtReview".







este marcado giro em sua trajetória, dominada até o momento por provocadoras instalações de arte conceitual, Hirst almeja "ser reconhecido" e "obter a aprovação do público", disse Christoph Vogtherr.

Folha Online
14/10/2009 - 11h06


Damien Hirst procura "reconhecimento" com retorno à pintura


da Efe, em Londres

Damien Hirst, considerado o "enfant terrible" da arte britânica, conhecido pelas instalações com animais em formol, procura "reconhecimento" e "aprovação" com seu surpreendente retorno à pintura.

É o que disse à agência Efe Christoph Vogterr, o curador de sua nova exposição no museu Wallace Collection, em Londres, casa de verdadeiras obras-primas da pintura europeia clássica.



A partir de hoje, o museu recebe a primeira série de pinturas de Hirst, intitulada "No Love Lost, Blue Paintings by Damien Hirst", em exposição que vai até o dia 24 de janeiro.



A mostra consiste em 25 obras pintadas entre 2006 e 2008 com as quais o artista, considerado o mais influente de sua geração no Reino Unido, volta a pegar nos pincéis no sentido mais tradicional.
Com este marcado giro em sua trajetória, dominada até o momento por provocadoras instalações de arte conceitual, Hirst almeja "ser reconhecido" e "obter a aprovação do público", disse Christoph Vogtherr.


The Kingdom", obra do britânico Damien Hirst, que ganha exposição "No Love Lost, Blue Paintings by Damien Hirst" em Londres
A relação do artista de 44 anos com sua imagem pública, na qual se mistura a admiração por sua obra com um ceticismo por seu marcado instinto comercial, "é de amor e ódio", diz Vogtherr, já que dela tira proveito e, ao mesmo tempo, sente desgosto.
Assim, em diversas entrevistas anteriores à apresentação pública de seus quadros --alguns deles foram expostos antes em Kiev--, Hirst expressou seu temor de que a crítica os "destroçasse", algo que o curador disse acreditar que não vai acontecer.
"A surpresa inicial de ver o que foi capaz de produzir se transforma depois em um sentimento positivo", opina Voghterr, ao observar que as obras ainda são uma transição entre suas criações mais conhecidas rumo a "um novo caminho que não se sabe para onde o conduzirá".
"No Love Lost" é uma série de pinturas de tons escuros, com destaque para o azul e o preto, tendo a morte como tema recorrente.
Desde suas vacas e tubarões em formol até suas composições com bitucas de cigarro, muitas das obras do artista exploram esse conceito e que volta a abordar em suas pinturas, dominadas por caveiras, ossos e cinzeiros vazios, que para ele simbolizam cemitérios.
A obra "Floating Skull" (2006), um crânio azulado que salta sobre um fundo negro, pertence a uma série inicial da qual é a única sobrevivente e é muito mais obscura do que quadros posteriores, como "Men Shall Know Nothing" (2008), na qual a cor azul vai se fazendo mais presente.
Todas as obras exibem elementos típicos da produção do artista, entre eles ossadas e esqueletos de animais, o que confirma essa sensação de transição.
Para Voghterr, desde o início de sua carreira, Hirst "desafiou o que significa ser um artista" --no ano passado, escandalizou o mundo da arte e ganhou uma fortuna ao leiloar obras de sua autoria sem intermediários--, e seu salto à pintura seria outro passo nessa direção.
Também não é comum sua escolha da intimista Wallace Collection para apresentar sua pintura ao público; porém, segundo o próprio artista, ele quer estabelecer uma conexão com os pintores clássicos, "conectar com o passado".
Hirst bancou do próprio bolso uma reforma das salas da Wallace Collection que custou quase 250 mil libras para que sua exposição tivesse entrada gratuita. Ele é o segundo pintor vivo a expor no museu --o outro foi Lucian Freud, em 2004.

Nenhum comentário: